O efeito TROPEIRISMO na trajetória política do TETRA PREFEITO, João Hipólito Rodrigues

Cansado de lavrar a terra incapaz de produzir safra boa, do lugar Lamarão, João Hipólito Rodrigues, com idade relativamente jovem, estabeleceu-se em Catolés e iniciou as múltiplas atividades de: garimpeiro faiscador rudimentar, fornecedor da matula para outros faiscadores, recebendo o percentual de praxe, do produto extraído das águas, da rocha e do solo da região. Dada a sua credibilidade, adquiria também produto faiscado por outros faiscadores, principalmente ouro e cristal. Essas atividades lhe renderam capital suficiente para com o seu tino comercial adquirir tropa com mais de uma dezena de animais de carga e no lombo deles iniciou o transporte do café adquirido na região para ser vendido em cidades ribeirinhas do São Francisco, trazendo na volta, surubim e piranha.

Capitalizado, iniciou mais uma atividade. Estabeleceu-se como negociante no ramo de tecido, com lojas em Catolés, associado a José Oliveira Alves, Zé de Deolindo e no Morrinho, hoje Inúbia, onde atendia as segundas-feiras, dia de feira livre local. Embora não fosse sócio, seu compadre e amigo de confiança irrestrita, Biquinha, guardava as chaves da loja e se o freguês, o hoje chamado cliente, necessitasse de algum produto, Biquinha atendia. Ainda como comerciante, associou-se ao seu também compadre e amigo Esaú Pinto, no ramo de Farmácia, estabelecido em Rio de Contas.

Não obstante as novas atividades, não desistiu do fornecimento de matula e aquisição do mineral extraído. Revendia o cristal para compradores de outras regiões que periodicamente compareciam em Catolés, capitaneados pelo cidadão de prenome Dirceu, oriundo da Chapada Diamantina, região de Itaeté, Andaraí e Mucugê. E o ouro entregue em laboratórios de Salvador. A condução do ouro para Salvador constituía verdadeira odisseia. Ele não visava apenas o lucro com a sua venda. Procurava sempre outra atividade para aumentar a receita, cobrir as despesas e restar superavit primário (lucro). Para tanto, levava a tropa carregando café até a Estação Ferroviária do Jequi, hoje Novo Acre, Município de Iramaia, onde era vendido. O lucro apurado adicionava ao da venda do ouro e empregava na compra de tecido e produtos manufaturados para venda nas lojas de Catolés e Inúbia. A condução para essa odisseia era no lombo de animal, Catolés/Jequi/Catolés. Do Jequi a Cachoeira, no Trem e de Cachoeira para Salvador, no Vapor conhecido como Vapor de Cachoeira, que ao encerrar suas atividades deu origem à música de

Artur Rocha e Trio Marayá, O VAPOR DE CACHOEIRA ( htps://youtu.be/4eraxOCT-f4 ), com estribilho no verso inicial:

“O vapor de Cachoeira não navega mais no mar”

O seu tropeirismo estendeu também para Livramento. Transportava café de Catolés e retornava com arroz em casca ou pilado, quirera para a alimentação de suínos e aves, e às vezes com secos e molhados.

Suas idas a Livramento foram tão frutiferas que no final da década de 1940, do século XIX, estabeleceu no comércio local no ramo de tecidos e perdurou enquanto viveu, 11 de janeiro de 1992.

Bem-sucedido nas suas atividades privadas, de espírito conciliador, generoso e altruísta por natureza; exercendo as funções de Juiz de Paz, conquistou também a confiança e admiração popular, credenciando-se para inserir no campo político. Nas eleições de 1950 elegeu-se vereador. Vereando com sabedoria, elencou nas suas indicações, a emblemática obra de abertura da rodovia Piatã/Catolés, e em 1954, não só com incentivo, mas com o apoio absoluto do seu correligionário amigo, prefeito do Município de Piatã, Alfredo Soares, elegeu-se Prefeito do Município.

Nas suas andanças como garimpeiro, comerciante e principalmente tropeiro; bom observador, aprendeu que o tropeirismo propagava e adquiria cultura de outros municípios, incluindo a atenção de seus administradores para as pastas de saúde e educação.

Exercitando esse aprendizado, ao assumir o cargo de prefeito em Piatã, priorizou essas pastas. Para a educação, contratou professores com formação magister em Caetité. Para o Grupo Escolar Duque de Caxias, as professoras caititeenses, irmãs Cina e Biá, e Zelinda, brumadense. Para Catolés e exercício no Escola Pedro Calmo, contratou a professora Maria do Livramento, Lilí de Tião Dandão.

As professoras não só alfabetizavam os alunos, mas multiplicavam seus conhecimentos para professores leigos alfabetizarem alunos na zona rural, como Amélia Soares que alfabetizou muitos alunos na Barra de Catolés, na escola que funcionava na residência de Dona Antônia, onde Amélia e sua irmã e auxiliar Aidíl, também hospedavam.

Na Pasta da saúde não mediu esforços para a efetiva contratação de um médico residente e militante em Salvador que, para fixar residência em Piatã e consequentemente prestar o atendimento emergente ou urgente ao paciente, condicionou a remoção de sua filha Promotora de Justiça de prenome Jane, para a Comarca. A condição foi atendida, com a Dra. Jane sendo nomeada e assumido a Promotoria.

Em 22 de fevereiro de 1962, foi criado o Município de Abaíra, desmembrado do Município de Piatã.

João Hipólito Rodrigues foi eleito seu primeiro prefeito e com a mesma dinâmica que administrou o Município de Piatã, infra estruturou Abaíra, conquistando a confiança de seus eleitores que o elegeram prefeito em mais dois mandatos como candidato único. Elegeram também em dois pleitos candidatos por ele indicados, que não tiveram concorrentes. Foram candidatos únicos: Eumar Pereira (Mazinho) e José do Prado Novais Filho (Pradinho). No último  pleito em que empenhou com afinco, elegeu seu candidato, Carlito Costa.

 


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