Mortos no Havaí chegam a 93 no pior incêndio florestal dos EUA em 100 anos

O incêndio florestal em Maui, no Havaí, tornou-se o mais letal dos Estados Unidos em mais de cem anos neste sábado (12), quando a quantidade de mortes causadas por ele foi atualizada para 93. A cifra ainda pode aumentar à medida que equipes de resgate tentam encontrar as centenas de pessoas desaparecidas no que restou da cidade de Lahaina —segundo a polícia, cães farejadores cobriram apenas 3% da área de busca.

O número ultrapassa os 85 mortos que um só incêndio vitimou na cidade de Paradise, Califórnia, em 2018, e é o maior em uma catástrofe do tipo no país desde 1918, quando 453 pessoas morreram nos estados de Minnesota e Wisconsin.

O episódio ainda é o desastre natural mais letal do próprio Havaí, superando um tsunami que matou 61 pessoas em 1960, um ano depois que o território se tornou um estado americano.

Enquanto a cifra aumenta, a população se revolta com o que considera uma falha do governo em avisar sobre os incêndios. O Havaí tem o maior sistema de sirenes de alerta de segurança pública ao ar livre do mundo, mas nenhum dos 80 equipamentos instalados ao redor de Maui foi ativado enquanto o fogo se alastrava.

A informação foi confirmada pela agência de resposta a emergências do estado neste sábado. O porta-voz do órgão, Adam Weintraub, disse que as sirenes não ordenariam o esvaziamento da área, apenas alertariam os moradores para que buscassem mais informações. Ele diz que outros métodos de alerta funcionaram normalmente no momento do incêndio, como o envio de mensagens para celulares.

"Sabe quando soubemos que tinha um incêndio? Quando ele chegou na nossa rua", disse à agência de notícias AFP Reed, 63, que caminha com a ajuda de uma bengala. Ela conta que reuniu a filha, o neto e os dois gatos dentro do carro e fugiu da cidade. "Atravessei uma linha de fogo para salvar minha família."

O incêndio começou na tarde de terça-feira (8) e tomou a cidade rapidamente por causa de fortes ventos. No início da semana, o chefe dos bombeiros de Maui, Bradford Ventura, afirmou que a agência não teve tempo suficiente para alertar seus funcionários e enviar ordens de evacuação.

"Subestimamos o perigo e a velocidade do fogo", afirmou à emissora americana CNN a deputada democrata Jill Tokuda, no sábado. "Não aprendemos a lição com o furacão Lane [em 2018] —incêndios florestais podem aumentar por causa de ventos com força de furacão", disse a representante do Havaí na Câmara dos EUA.

A procuradora-geral do estado, Anne Lopez, anunciou na sexta-feira (11) a abertura de uma investigação sobre o incêndio. Já o governador do Havaí, Josh Green, disse à CNN que autorizou uma revisão dos procedimentos.

As autoridades afirmam que a tragédia foi consequência de uma confluência de fatores. Além de falhas na rede de comunicações, rajadas de vento de até 130 km/h espalharam um foco isolado de incêndio florestal —o Dora, furacão de categoria 4 que passou a centenas de quilômetros a sudoeste das ilhas havaianas e não impactou diretamente o estado, podem ter interferido nas correntes de ar.

Além disso, no começo da semana passada o Serviço Nacional de Meteorologia americano havia emitido alertas avisando às ilhas sobre o tempo seco, condição também propícia à disseminação de incêndios. De acordo com o Monitor de Seca do país, quase 16% do território do Maui registrou um clima excepcionalmente seco na terça-feira.

O resultado, segundo o governo, foi que se tornou quase impossível coordenar em tempo real uma resposta com a agência de emergências. "Com o tempo, descobriremos se poderíamos ter protegido mais as pessoas", disse Green.

As ondas de calor que atingiram o Hemisfério Norte neste verão também podem ter ajudado a agravar a catástrofe. O IPCC, o painel científico do clima da ONU, afirma que essas ondas triplicaram no mundo em comparação com o período de 1850 a 1900, quando as emissões de carbono começaram a aumentar em decorrência da ação humana, e o grupo de pesquisas WWA (World Weather Attribution) diz que os recordes de temperatura registrados no mês passado não teriam ocorrido sem a crise climática.

Os residentes começaram a retornar ao oeste de Maui na sexta, embora a zona de incêndio em Lahaina permanecesse bloqueada. Em um centro de assistência familiar em Kahului, a moradora June Lacuesta disse que estava tentando localizar nove parentes dos quais não tinham notícias desde terça. "Quando vejo a cidade de Lahaina, não consigo descrever a sensação que tenho", disse ela, a caminho de um abrigo numa igreja para continuar sua busca.

O custo para reconstruir o município foi estimado em US$ 5,5 bilhões (R$ 27 bilhões), de acordo com a Agência Federal de Administração de Emergências. Mais de 2.200 estruturas foram danificadas ou destruídas e cerca de 850 hectares foram queimados.

As autoridades garantiram mil quartos de hotel para aqueles que perderam suas casas e estão providenciando imóveis para abrigar as famílias sem nenhum custo, de acordo com Green. Mais de 1.400 pessoas foram acolhidas em abrigos de emergência.


Mudança de última hora na Reforma Tributária assegura benefícios à BYD na Bahia

Em uma mudança de última hora, o relator da Reforma Tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), incluiu no texto aprovado no plenário da Câmara um dispositivo que deve assegurar benefícios fiscais à montadora chinesa BYD que vai se instalar onde antes funcionava a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com a publicação, o tema vinha sendo negociado sob reserva nos últimos dias e virou uma prioridade para o governo, diante do peso desses negócios para a Bahia.

O novo artigo foi incluído em uma emenda aglutinativa de plenário, protocolada às 21h43 desta quinta-feira (6) —menos de dez minutos antes da proclamação do resultado da votação do texto-base. Parlamentares de legendas como o Novo reclamaram do fato de não terem tido conhecimento antes da nova versão, que foi chancelada pelos parlamentares.

A reforma já continha mecanismos para assegurar a convalidação de benefícios fiscais do ICMS até 2032, conforme aprovado na lei complementar 160, de 2017.

O novo dispositivo estende essa medida a projetos que tenham sido aprovados até 31 de dezembro de 2024. A concessão também alcança projetos validados até 31 de dezembro de 2025 "que ampliem ou reiniciem a produção em planta industrial utilizada em projetos ativos ou inativos aprovados até 31 de maio de 2023".

Na prática, o artigo garante a concessão dos benefícios mesmo que a fábrica ainda não tenha sido efetivamente instalada na data da promulgação da Reforma Tributária. O início das atividades da empresa é o que marca o início da aplicação dos incentivos.

A medida tem potencial para beneficiar a montadora chinesa, que anunciou na última terça-feira (4) R$ 3 bilhões em investimentos para fabricar carros elétricos em Camaçari. O protocolo foi assinado em outubro de 2022, mas as plantas só devem entrar em operação no fim de 2024.

Na semana anterior, em 28 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu no Palácio do Planalto a vice-presidente executiva da BYD e presidente da BYD para as Américas, Stella Li, ao lado de Rui Costa e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).

Segundo aliados de Lula ouvidos pela Folha, o artigo foi "corretamente incluído" pelo relator na reforma, uma vez que a Bahia fechou o acordo com a montadora chinesa recentemente, dentro das regras atuais que serão mantidas até 2032.

Se a PEC (proposta de emenda à Constituição) fosse aprovada e promulgada antes da efetiva instalação da companhia e do início da concessão do benefício, isso poderia comprometer o acerto e até gerar insegurança jurídica.

Entre aliados do governo, a percepção é de que, sem esse artigo, o Brasil ficaria "desmoralizado" com a China. Por isso, houve pedidos tanto do governo quanto de parlamentares do PT para incluir o trecho.


Cinco bilhões de pessoas ainda consomem gordura trans, diz Organização Mundial da Saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo relatório na última segunda-feira (23) onde afirma que cinco bilhões de pessoas em todo o mundo ainda estão vulneráveis ao consumo de gordura trans, mesmo com a meta de eliminação para 2023.

A gordura trans produzida industrialmente é frequentemente encontrada em alimentos embalados, congelados, óleos de cozinha e patês prontos. A ingestão da substância é responsável por pelo menos 500 mil mortes prematuras por doença arterial coronariana (DAC) a cada ano no mundo todo.

Em nota, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que a gordura trans não tem nenhum benefício conhecido. Muito pelo contrário: ela causa enormes riscos à saúde.

"Eliminar a gordura trans é econômico e traz enormes benefícios para a saúde. Simplificando, ela é um produto químico tóxico que mata e não deve ter lugar nos alimentos. É hora de se livrar disso de uma vez por todas", diz.

O relatório menciona que 43 países já implementaram medidas para a eliminação da substância, inclusive o Brasil. Um número crescente de nações de renda média também está implementando ou adotando novos parâmetros, como Argentina, Índia, Paraguai, Ucrânia, Bangladesh e Filipinas.

No entanto, nove dos 16 países com maior índice de morte por DAC relacionado à gordura trans ainda não adotaram nenhuma medida para eliminar a substância: Egito, Irã, Austrália, Azerbaijão, Equador, Nepal, Paquistão, Butão e Coreia do Sul.

A OMS recomenda ainda que a prioridade dos governos seja não somente a adoção de políticas públicas, mas também de monitoramento das medidas e o incentivo aos fabricantes de alimentos para a eliminação da gordura trans.


Fifa vende 2,45 milhões de ingressos para Copa do Mundo no Catar

Os organizadores da Copa do Mundo venderam 2,45 milhões de ingressos para o evento deste ano no Catar, disse a Fifa nesta quinta-feira, com mais de meio milhão deles vendidos no último período de vendas de 5 a 16 de julho.

A Fifa disse que o maior número de ingressos alocados foi para partidas da fase de grupos como Camarões x Brasil, Brasil x Sérvia, Portugal x Uruguai, Costa Rica x Alemanha e Austrália x Dinamarca.

“Os torcedores que moram no Catar, Arábia Saudita, Estados Unidos, México, Emirados Árabes Unidos, Inglaterra, Argentina, Brasil, País de Gales e Austrália lideraram o caminho e as filas digitais ao garantir o maior número de ingressos”, disse a Fifa.

A data de lançamento da próxima fase de vendas será anunciada no final de setembro, acrescentou a Fifa. As vendas de balcão também começarão em Doha após o lançamento da fase de vendas de última hora.

A Copa do Mundo começará um dia antes do previsto originalmente, com a cerimônia de abertura ocorrendo antes da seleção anfitriã enfrentar o Equador, em 20 de novembro.

Será a primeira Copa do Mundo sediada no Oriente Médio, tendo sido adiada para o final do ano, no lugar de sua ocorrência normal entre junho e julho, para evitar o forte calor do verão na região.


Dólar sobe para R$ 5,09 com preocupações sobre China

A divulgação de dados econômicos fracos sobre a China provocou instabilidade no mercado financeiro de países emergentes. O dólar disparou pela manhã, mas desacelerou ao longo do dia. A bolsa de valores iniciou o dia em baixa, mas reverteu o movimento, impulsionado por ações de varejistas.

O dólar comercial encerrou esta segunda-feira (15) vendido a R$ 5,092, com alta de R$ 0,018 (+0,35%). A cotação chegou a R$ 5,14 no início das negociações, mas a tensão diminuiu com a entrada de fluxos externos durante a tarde de investidores atraídos pelos juros altos no Brasil, o que permitiu que o câmbio se mantivesse abaixo de R$ 5,10.

Com o desempenho de hoje, a moeda norte-americana acumula queda de 1,6% em agosto. Em 2022, o recuo chega a 8,68%.

A volatilidade também afetou o mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 113.032 pontos, com alta de 0,24%. Pela manhã, o indicador chegou a cair 1,44%, após a divulgação de que a economia chinesa continuou a desacelerar. No entanto, a melhoria no mercado norte-americano durante a tarde e a alta de ações de setores ligados ao consumo trouxeram o índice para cima.

A política de lockdowns imposta pelo governo chinês para combater a economia de covid-19 fez a economia do país asiático registrar forte desaceleração em julho. Além disso, o prolongamento da crise imobiliária tem afetado a retomada da segunda maior economia do planeta. Problemas econômicos na China afetam países exportadores de commodities (bens primários com cotação internacional), como o Brasil.

Por outro lado, fatores ligados à economia doméstica ajudaram a amenizar as notícias vindas da China. A perspectiva de que o ciclo de alta da taxa Selic (juros básicos da economia) tenha chegado ao fim tem atraído capital externo para o Brasil. Paralelamente, as ações de empresas ligadas ao consumo doméstico passaram a recuperar-se com a expectativa que a Selic comece a cair no próximo ano.


Guerra na Ucrânia tira o fantasma da Terceira Guerra Mundial da aposentadoria

O fantasma da Terceira Guerra Mundial, aquele conflito que fez Albert Einstein imaginar que a Quarta seria travada com paus e pedras, volta a assombrar o Ocidente 30 anos após aquele que parecia seu exorcismo final.
Tudo cortesia do embate subjacente à guerra que se desenrola na Ucrânia: a disputa entre Moscou e o conglomerado Estados Unidos/Otan, centrada no desenho das fronteiras de segurança do Leste Europeu. O Kremlin vê a expansão a leste de estruturas ocidentais como inaceitável.

Nesta terça (1º), o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, colocou em termos claros acerca do que é o "casus belli" do ataque à Ucrânia. "A principal coisa para nós é proteger a Rússia da ameaça militar dos países ocidentais, que estão usando o povo ucraniano na luta contra o nosso país", afirmou à agência RIA-Novosti.
Os coitados que de fato sofrem com a insegurança do Donbass, as supostas "armas nucleares que Kiev quer" e outros temas ficaram de lado.

Putin é um manipulador eficaz. No dia da declaração da guerra, quinta passada (24), ele sugeriu que usaria armas nucleares se o Ocidente se metesse em sua operação. No domingo, ante uma saraivada de sanções, decretou alerta máximo das forças estratégicas russas que havia exibido num exercício uma semana antes.

A lógica diz que ele está apenas ganhando manchetes, por assim dizer, enquanto apanha por todos os lados. E que fala grosso para seu próprio público, além de riscar no chão um limite se for em frente no recrudescimento dos ataques ao vizinho.

Com efeito, não faltam analistas especulando despreocupadamente se ele usaria na Ucrânia uma bomba atômica tática, de baixa potência (ou seja, igual à de Hiroshima ou à de Nagasaki). Lógica não tem sido boa conselheira nessa crise, mas isso parece demais.
Seja como for, o tema da Terceira Guerra Mundial passou a frequentar todas as entrevistas coletivas de autoridades do outro lado com uma desassombrada naturalidade.

Qualquer um que tenha crescido entre os anos 1950 e 1980 sabe o que é viver com a ideia da aniquilação nuclear, mesmo que o risco fosse exagerado muitas vezes em favor do embate ideológico. Mesmo a crise dos mísseis de Cuba (1962) poderia resultar na obliteração dos soviéticos, mas não dos americanos, muito mais fortes à época, por exemplo.

Desde o desmantelamento da União Soviética, em 1991, o fantasma contudo tirou férias. As bombas, não, ainda que o arsenal nuclear mundial tenha caído de 70 mil ogivas para cerca de 13 mil, 90% nas mãos de Moscou e de Washington. Diferentemente de líderes do Ocidente, contudo, Putin fala sobre o espectro sem nenhum pudor.

É o que tem a fazer, para garantir que a ajuda militar da Otan não se torne mais do que imagens de comboios com munição, para desespero da Ucrânia.
O país, aliás, tem pedido insistentemente a intervenção direta da aliança militar ocidental no conflito. Tem recebidos os devidos nãos, justamente pelo temor de uma confrontação imprevisível com a Rússia. Na segunda (28), requisitou a implantação de uma zona de exclusão aérea sobre o país.

Além da admissão clara de perda de controle sobre os céus sobre seu país, o governo de Volodimir Zelenski ainda jogou ele mesmo com a carta da escalada inevitável. "Hoje é a Ucrânia, amanhã será a Otan", disse o chanceler Dmitro Kuleba.

Por ora, ajuda militar será isso, ajuda, e restrita. Mesmo a promessa europeia de enviar caças para Kiev parece algo delirante, exceto que pilotos poloneses decolem para fazer entrega in loco de modelos MiG-29 que ucranianos operam —e arrisquem a Terceira Guerra.

Numa cena correlata na Estônia, o secretário-geral da Otan e o premiê britânico estiveram na base militar multinacional comandada por forças de Londres na pequena ex-república soviética, cuja entrada na Otan com suas irmãs bálticas Lituânia e Letônia em 2004 é o maior calo geopolítico de Putin, então um jovem presidente em primeiro mandato ensaiando boas relações com o Ocidente.

Um tanque Challenger 2 britânico e blindados de combate CV90 estonianos enfeitavam a cena, mas as autoridades ficaram nos floreios acerca da resistência ucraniana e em como a Otan irá se defender sempre e unida. Questões sobre ações contra a Rússia eram respondidas com evasivas usuais: a aliança é defensiva, não queremos brigar com o russos.

Coube à anfitriã, a primeira-ministra Kaja Kallas, tratar de realismo. "Ainda que a Ucrânia perca temporariamente o controle sobre suas cidades, isso será algo difícil de manter [para Putin]", afirmou.

Mas há provocações outras no ar. Sempre um ente à parte na estrutura da Otan, a autossuficiente França tem adotado uma retórica mais dura, com seu ministro das finanças falando que irá "destruir a economia russa" e lutar "uma guerra econômica total" contra Moscou.

Foi admoestado pelo ex-queridinho Dmitri Medvedev, que encantava americanos com seu jeitão de liberal quando fingiu ser presidente sob o premiê Putin de 2008 a 2012, e que hoje está encostado como número 2 do Conselho de Segurança do país. "Meçam as palavras, senhores! E não esqueçam que, na história humana, guerras econômicas costumam virar reais", postou no Twitter.
Se o fantasma dava sinais de vida nas preliminares da guerra, fazendo as potências nucleares assinarem uma promessa de nunca atacarem com armas atômicas, agora ele está no "novo normal" de que Jens Soltenberg (Otan) fala dia sim, dia sim.

 


Número de ucranianos que deixaram país chega a 422 mil, diz ONU

A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou nesta segunda-feira (28) que o número mais recente de ucranianos que deixaram o país devido à guerra já chega a 422 mil.
Segundo a chilena, a maioria das vítimas civis —que as Nações Unidas confirmaram serem ao menos 102, incluindo 7 crianças— morreu devido a ataques com "armas de explosivas de grande impacto, incluindo bombardeio de artilharia pesada e sistemas de multilançamento de foguetes e ataques aéreos".

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu nesta segunda atender ao pedido da Ucrânia para debater com urgência, ainda nesta semana, a invasão russa. Foram 29 votos a favor, 5 contra (incluindo de Rússia e China) e 13 abstenções.
A embaixadora russa Gennadi Gatilov defendeu a versão do Kremlin de que Moscou lançou "operações especiais para interromper a tragédia" na região de Donbass e que não está atacando civis.

O secretário-geral da ONU, por sua vez, disse que a escalada nas operações militares russas está levando a violações de direitos humanos.


Após invasão da Rússia, ucranianos fogem em direção à Polônia

Fugindo da invasão da Rússia, muitos ucranianos começaram a deixar o país em direção à Polônia. Centenas já chegaram na cidade de Medyka na manhã desta quinta-feira (24) – muitos deles já trazendo filhos e bagagens.

Oficiais da União Europeia que trabalham em países que fazem fronteira com a Ucrânia, incluindo a Romênia e a Eslováquia, disseram que ainda não perceberam um aumento no fluxo de refugiados. No entanto, a mídia local e testemunhas afirmaram que a movimentação já cresceu.

O gerente técnico Alexander Bazhanov, de 34 anos, deixou o lar no leste da Ucrânia. Acompanhado pela mulher e pelo filho, ele levou apenas o que conseguiu. A última parte do trajeto foi feita a pé.

Bazhanov é morador de Mariupol, cidade que fica a 113 quilômetros de Donetsk. Ele decidiu partir em direção a Polônia assim que soube, por meio de um colega, que a guerra havia começado.

"A única coisa que consigo sentir agora é medo", disse Bezhanov durante a travessia da fronteira, a 400 quilômetros de Varsóvia. "Vou visitar meu pai na Espanha, mas não tenho dinheiro e nem sei como conseguirei fazer isso".

A Eslováquia vai enviar 1,5 mil militares para a fronteira com a Ucrânia para ajudar os refugiados. O país também vai aumentar o volume de passagens pela fronteira, segundo veículo da imprensa local.

Forças russas invadiram a Ucrânia por terra, ar e mar nesta quinta (24) depois que o presidente Vladimir Putin autorizou o que ele mesmo chamou de "operação militar especial no leste".

Há semanas, nações da Europa Central que fazem fronteira com a Ucrânia se preparam para um fluxo de refugiados em busca de proteção dentro da União Europeia.

A travessia por Medyka é muito utilizada por pessoas que atravessam a fronteira para fazer compras ou que viajam a trabalho.

As filas para entrar na cidade da fronteira polonesa cresceram durante a manhã desta quinta. Algumas pessoas diziam temer que a Rússia entrasse ainda mais no território ucraniano.

"Todos pensavam que a parte ocidental da Ucrânia estava a salvo porque é mais próxima da União Europeia e das nações da OTAN", disse Maria Palys, de 44 anos, que viajou até a fronteira com a família. "Mas parece que permanecer lá não é mais a forma correta de se proteger".

A Rússia exigiu que a OTAN interrompa sua expansão em direção ao leste. Putin disse considerar inaceitável a filiação da Ucrânia à aliança militar comandada pelos Estados Unidos.

Segundo Putin, a Rússia se viu sem escolhas a não ser se defender contra o que ele classificou como ameaças da Ucrânia - um estado democrático com uma população de 44 milhões de pessoas.